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terça-feira, julho 11, 2006

Lula defende união continental e prevê que Bolívia estará no Mercosul em breve

Marcos Chagas Enviado especial

Caracas - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se limitou a ler seu discurso na cerimônia de adesão da Venezuela ao Mercosul, ontem (4), em Caracas. Com um improviso que rendeu fortes aplausos, Lula fez uma enfática defesa da integração sul-americana e da inevitabilidade do aparecimento de divergências nesse processo, numa referência aos desencontros que vira e mexe ocorrem entre os países, como a recente crise do gás com a Bolívia.


Lula arrancou um discreto sorriso de Hugo Chavez, presidente da Venezuela, ao afirmar que, quando assumiu o governo brasileiro, o colega "estava só". E seguiu defendendo a união dos vizinhos nas questões de âmbito internacional. "Nós, todos nós, mesmo nas divergências, compreendemos que seremos mais fortes nos organismos internacionais. Seja na ONU, onde defendemos a participação da Venezuela como membro efetivo do Conselho de Segurança, seja na OMC".

Em relação à Organização Mundial do Comércio, onde o Brasil negocia atualmente a liberalização comercial da Rodada de Doha, ainda sem sucesso, o presidente reconheceu que os países em desenvolvimento ainda não conseguiram todos os resultados desejados, mas frisou: "Os ministros das Relações Exteriores aqui presentes sabem que nenhum ministro da América do Sul foi respeitado lá fora como eles são respeitados hoje".

Lula afirmou que anos atrás, antes de ele assumir a presidência do Brasil, Nestor Kirchner a da Argentina, Nicanor Duarte a do Paraguai e Tabaré Vázquez a do Uruguai, pouca gente acreditava no Mercosul nestes países. "Acreditavam na velha política de privilegiar os EUA e a Europa e virar as costas para nós mesmos. Tivemos que enfrentar barreiras ideológicas e comerciais. Hoje estamos aqui para dizer que não queremos briga com ninguém. Antes de tudo, descobrimos que somos irmãos e parceiros no Mercosul".

O presidente brasileiro defendeu a consolidação de uma relação forte para que eventuais mudanças de governo não impliquem em mudanças de relação de estado para estado. "Nós temos de ter mais cumplicidade. Precisamos dizer em alto e bom som, que não temos medo das divergências. Tememos, sim, a omissão, que por muito tempo prevaleceu no nosso continente".

"Este protocolo (de adesão da Venezuela) é mais um documento que garante comércio mais justo, que permite a nossos empresários fazer negócios. Ele é a concretização de um sonho de milhões de latino-americanos, que um dia sonharam que era possível fazer a integração", disse o presidente brasileiro, que deixou claro onde deve ser a próxima cerimônia do gênero: "Não está longe o dia em que estaremos em La Paz para que a Bolívia também venha a aderir ao Mercosul". A Bolívia tem atualmente o status de país associado ao bloco.