A morte de Celso Daniel
por Hélio Fernandes
Há algo de podre, muito podre mesmo, na notícia de que parentes do ex-prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002, estariam saindo do País por serem ameaçados de morte. Publicada originalmente pela Folha de S. Paulo, no último dia 2, a espalhafatosa, estarrecedora e escalafobética reportagem foi imediatamente copiada por toda a imprensa "falada, escrita e televisada", incluindo longa matéria no Jornal Nacional.
Prestem atenção nesse enredo, com forte pressão da Folha de São Paulo, que noticiou com exclusividade.
1-Primeiro, teria chegado a João Francisco uma carta anônima, ameaçando-o de morte e avisando que Bruno também estaria marcado para morrer.
2-Depois, em janeiro deste 2006, os dois receberam por correio eletrônico nova ameaça, desta vez contra as sobrinhas do prefeito, filhas dos irmãos.
3-"Mais tarde, uma pessoa conhecida da família relatou ter ouvido detalhes do planejamento do seqüestro das jovens", informa a assustadora reportagem, acrescentando que a polícia abriu inquérito e passou a dar proteção a Bruno e Marilena 24 horas por dia, até deixarem o País, com destino ignorado.
Pergunta-se:
1- "uma pessoa conhecida da família contou ter ouvido detalhes do planejamento e do seqüestro dos jovens" e não disse nada à polícia?
2- Pior: na estranhíssima denúncia da Folha de S. Paulo, o irmão caçula que se auto-exilou, Bruno Daniel, "se dizia impressionado porque os perseguidores não eram desconhecidos, mas sim pessoas que a família conhecia de Santo André, no ABC paulista".
3- Ora, se Bruno Daniel conhece seus algozes, por que não os denuncia? Se alguém ouviu detalhes do plano de seqüestro, por que também não aponta seus autores?
Este é o ponto crucial da questão, que a reportagem da Folha tinha obrigação de esclarecer mas
deixou passar em branco, como se fosse um detalhe sem importância, para se fixar apenas no que parecia ser o principal, um pseudocomplô para calar a família Daniel, incluindo filhos, parentes etc.
Essa estranha denúncia da Folha coincide com a abertura de uma campanha eleitoral em que os jornais de São Paulo tudo fazem para destruir o PT-PT e o PT-governo. É jogo baixo, muito baixo. E vem muito mais baixaria por aí, justamente num momento em que PSDB, PFL e PMDB lutam para não serem investigados a fundo. Apesar de todas as provas de que, em matéria de caixa dois, esses partidos deixam o PT no chinelo bem distante.
Esse assassinato, suas diversas e estapafúrdias versões, o que foi dito à CPI (que não era a do assassinato), e o que foi escondido por vários e muitos personagens são de estarrecer. E agora, com essas acusações e as ameaças de morte, a irresponsabilidade chegou ao máximo. A campanha será inesquecível.
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