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segunda-feira, outubro 02, 2006

Temos projeto, argumentos e força para vencer.

por Jósé Dirceu

Não houve empate. Perdemos. Não alcançamos mais da metade de votos para vencer no primeiro turno. Sempre fomos os maiores defensores da eleição em dois turnos e estávamos certos. Agora, o país e nosso povo terão mais quatro semanas para decidir seu futuro, o rumo que queremos dar ao Brasil nos próximos quatro anos.

Isso é democracia, vamos respeitá-la e exigir que nossos adversários a respeitem. Mas, se Lula tivesse ganho com 0,1%, sabemos que estariam contestando a legitimidade das eleições e ameaçando o país com golpes e ingovernabilidade. Ou não é verdade?

O país não está dividido em vermelho e azul por regiões. Lula venceu em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, na região Sudeste, e pode avançar e muito no Sul, onde perdeu, e mesmo no Centro-Oeste, onde também perdeu. No Sul e no Centro Oeste, contou mais a incapacidade do governo Lula e de sua equipe econômica de combinar a necessária austeridade fiscal com soluções rápidas e eficazes para problemas como a seca e o câmbio valorizado. Ou seja, para as principais causas da insatisfação nessas regiões do país, onde o agronegócio é determinante e a própria indústria depende dele ou da exportação. Fora o fiasco da política fitossanitária do governo e o erro político de não apoiar o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em suas demandas, mais do que justas e razoáveis.

O país não está dividido em classes, a popular com Lula e a média e alta com Alckmin. Isso também não é verdade. Lula tem apoio em amplos setores do empresariado e da classe média. O que não tem é maioria, como a que tem entre as classes populares.

O país está dividido, em grande parte, sobre seu futuro, sobre qual governo quer e sobre a questão ética - na qual, até hoje, a oposição não provou em nada qualquer responsabilidade do presidente e mesmo do governo nas denúncias investigadas à exaustão por CPIs, Polícia Federal e Ministério Público. Empenho como nunca se viu no governo de FHC e nem nos governos estaduais e municipais do PSDB, como acabamos de ver no estado de São Paulo e na cidade de Piracicaba (SP), onde todas as investigações são literalmente enterradas pelo tucanos.

Toda a histeria denuncista da oposição, apoiada e ampliada pela mídia, visa esconder o verdadeiro debate, e busca derrotar Lula e o PT. Para comprovar, temos o caso das fotos, onde o ilícito vale, o delegado pode e deve violar a lei, já que serve aos propósitos da oposição. Já no caso do caseiro, bastou a suspeição de quebra de seu sigilo bancário para que a mídia toda se levantasse contra o governo e o Ministro Palocci.

A verdade é que Lula obteve mais de 48% de votos e pode vencer, deve e precisa vencer para continuar o melhor governo dos últimos 20 anos e para avançar nas reformas política e administrativa que podem eliminar da vida política brasileira a corrupção. E garantir, ao mesmo tempo, nosso desenvolvimento com distribuição de renda.

Ouso dizer que o presidente devia se licenciar e percorrer o país; devia ele mesmo dirigir a campanha e as negociações de alianças nos estados onde temos eleições. São dez estados, dos quais, três do Sul e um do Centro Oeste, onde ele precisa crescer muito, e temos quatro estados com eleições no Nordeste, onde ele crescerá ainda mais. No Norte, temos o Pará, e no Sudeste, o Rio - estados onde Lula venceu e pode crescer. Temos que cuidar de Minas Gerais, onde Lula venceu e pode decidir a eleição no segundo turno. E temos que diminuir a diferença para Alckmin em São Paulo. E isso é possível.

Precisamos e queremos os debates no programa eleitoral e na mídia, para discutir e comparar o governo tucano de oito anos com o de Lula, e comparar o Brasil que herdamos com o Brasil de hoje. E para apresentarmos o que fizemos e o que faremos nos próximos quatro anos.
Temos que nos apoiar nos quatro governadores eleitos e com eles dirigir a campanha no segundo turno; buscar a experiência dos prefeitos reeleitos em 2004 e das novas lideranças eleitas, ontem, para o parlamento nos estados. Só com a liderança de Lula, é que podemos vencer. O PT demonstrou, mais uma vez, que tem raízes profundas no Brasil e saiu vencedor, elegendo 83 deputados federais, fortes bancadas estaduais, dois senadores e quatro governadores.
Obteve significativa votação para o Senado em vários estados e, certamente, crescerá nas eleições de 2008.

Para o eleitorado progressista, particularmente para os que votaram em Heloisa Helena e Cristovam Buarque, que estão diante da alternativa de derrotar a direita ou serem cúmplices de um novo ciclo conservador no pais.

Nossa expectativa é que os movimentos sociais progressistas se alinhem ainda mais a candidatura Lula no segundo turno.

Até hoje o candidato tucano não disse ao país a que veio; pelo contrario, sua campanha foi uma dissimulação sobre os principais problemas do Brasil. Agora, com o tempo na TV e os debates, poderemos confrontar o seu programa com o de Lula e compararmos o Governo de FHC com o nosso.

Não temos o que temer, é a hora da verdade. Temos que ocupar as ruas, enfrentar aqueles que nos querem intimidar e nos expulsar da vida política brasileira.

Não nos faltam exemplos de que vale a pena votar em Lula para governar o Brasil mais quatro anos.