A mediocridade da cobertura política
Até quando a cobertura jornalística da política nacional vai continuar a analisar os acontecimentos de Brasília tendo como pauta principal, quase que única, o tema corrupção? Isso não está contribuindo em nada para o processo democrático brasileiro. Apenas banaliza o tema e joga para escanteio o que deveria ser realmente discutido que é a reforma política e os projetos de governo.
A grande imprensa se preocupa muito mais em noticiar o "ti-ti-ti" político do que se aprofundar em questões relevantes. Pouco se discute o projeto dos candidatos. A briga se limita a quem roubou mais, quem é honesto, quem não é. Os projetos políticos ficam em segundo plano e isso é péssimo para a democracia. Alckmin e Lula foram entrevistados durante essa semana no Jornal Nacional e ambas entrevistas foram pautadas quase que exclusivamente pelos casos de corrupção. Acho incrível como Willian Bonner e a Fátima Bernardes acreditam que esse é o papel do jornalista. Não seria muito mais proveitoso utilizar o tempo para perguntar qual a proposta de reforma política dos candidatos? Chega a ser infantil ficar atacando as conseqüências e praticamente ignorar as causas. O pior é ter que aturar aquele ar "somos jornalistas sérios e não daremos moleza pra nenhum candidato" do casal. Foram duas entrevistas paupérrimas, pois todos já sabíamos as respostas dos candidatos de cor e salteado. Eu queria é saber como os candidatos irão mobilizar suas bases para aprovação de uma reforma política e qual será a proposta de ambos, por exemplo. Mas o casal global queria ver o circo pegando fogo e não discutir as mudanças necessárias para o país.
Não quero dizer que as sujeiras devam ser jogadas para debaixo do tapete, pelo contrário, mas não podemos transformar em novela todo caso de roubalheira que aparecer. Dessa forma, corremos o risco de fugir da raíz do problema e nos distanciarmos da idéia essencial que é a necessidade de uma reforma da atual estrutura política que dá margem a tanta ladroagem do dinheiro público. Ficar simplesmente apontando o dedo na cara dos políticos, de partidos e instituições não contribuirá em nada para o fortalecimento da democracia, pelo contrário, só aumentará ainda mais o descrédito da população com a política . Pessoas desonestas existem em cada esquina, em cada partido, na minha rua, na sua rua. Não tem como banir todos os corruptos da política, mas tem como dificultar a ação nefasta desses políticos e a imprensa deveria cobrar isso. A democracia não é um modelo pronto, acabado e estagnado. É um processo contínuo que deve passar por constantes aperfeiçoamentos. Enquanto não nos aprofundarmos nas questões problemáticas da democracia, corremos o risco de atrasar esse processo.
A imprensa, além de sua cobertura tendenciosa e partidária, não vai além de uma análise superficial sobre os casos de corrupção. Os escândalos tornam-se novelas com personagens, mocinhos, bandidos, um bom enredo, cenas do próximo capítulo e etc. Não se questiona o porquê de termos um sistema político tão frágil que permite tanta roubalheira a tanto tempo. Ao invés disso fica-se apenas especulando a índole de cada político, o que é péssimo. Mesmo porque, ser honesto não significa necessariamente ser um bom político.
Preocupante é perceber que essa mediocrização da cobertura política é quase uma cartilha a ser seguida na imprensa corporativa. Basta ver o caso de demissão do Franklin Martins da Rede Globo. Um jornalista diferenciado que fugia da fofoca política e buscava aprofundar os assuntos. Acabou no olho da rua.
João
Não quero dizer que as sujeiras devam ser jogadas para debaixo do tapete, pelo contrário, mas não podemos transformar em novela todo caso de roubalheira que aparecer. Dessa forma, corremos o risco de fugir da raíz do problema e nos distanciarmos da idéia essencial que é a necessidade de uma reforma da atual estrutura política que dá margem a tanta ladroagem do dinheiro público. Ficar simplesmente apontando o dedo na cara dos políticos, de partidos e instituições não contribuirá em nada para o fortalecimento da democracia, pelo contrário, só aumentará ainda mais o descrédito da população com a política . Pessoas desonestas existem em cada esquina, em cada partido, na minha rua, na sua rua. Não tem como banir todos os corruptos da política, mas tem como dificultar a ação nefasta desses políticos e a imprensa deveria cobrar isso. A democracia não é um modelo pronto, acabado e estagnado. É um processo contínuo que deve passar por constantes aperfeiçoamentos. Enquanto não nos aprofundarmos nas questões problemáticas da democracia, corremos o risco de atrasar esse processo.
A imprensa, além de sua cobertura tendenciosa e partidária, não vai além de uma análise superficial sobre os casos de corrupção. Os escândalos tornam-se novelas com personagens, mocinhos, bandidos, um bom enredo, cenas do próximo capítulo e etc. Não se questiona o porquê de termos um sistema político tão frágil que permite tanta roubalheira a tanto tempo. Ao invés disso fica-se apenas especulando a índole de cada político, o que é péssimo. Mesmo porque, ser honesto não significa necessariamente ser um bom político.
Preocupante é perceber que essa mediocrização da cobertura política é quase uma cartilha a ser seguida na imprensa corporativa. Basta ver o caso de demissão do Franklin Martins da Rede Globo. Um jornalista diferenciado que fugia da fofoca política e buscava aprofundar os assuntos. Acabou no olho da rua.
João
3 Comments:
Parabéns Joao!esse texto está ótimo e o blog também é muito bom. Tenho entrado todos os dias e recomendado a amigos.
Paula Thomaz, rio de janeiro
Foi ótimo o fato do casal global ter pautado sua entrevista ao Presidente Lula apenas com assuntos requentados e sobre corrupção. O Presidente se saiu muito bem. Além disso, pela penetração que o JN tem no país, o assunto ficou esvaziado de uma vez!
Foi ótimo o casal ter se dirigido ao Presidente como "candidato", pois a população percebe esses detalhes, como percebe também a "pauta armadilha", e assim, o JN vai despencando em sua credibilidade, a exemplo de outros telejornais, jornalões e revistas.
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