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sexta-feira, agosto 11, 2006

A mediocridade da cobertura política

Até quando a cobertura jornalística da política nacional vai continuar a analisar os acontecimentos de Brasília tendo como pauta principal, quase que única, o tema corrupção? Isso não está contribuindo em nada para o processo democrático brasileiro. Apenas banaliza o tema e joga para escanteio o que deveria ser realmente discutido que é a reforma política e os projetos de governo.

A grande imprensa se preocupa muito mais em noticiar o "ti-ti-ti" político do que se aprofundar em questões relevantes. Pouco se discute o projeto dos candidatos. A briga se limita a quem roubou mais, quem é honesto, quem não é. Os projetos políticos ficam em segundo plano e isso é péssimo para a democracia. Alckmin e Lula foram entrevistados durante essa semana no Jornal Nacional e ambas entrevistas foram pautadas quase que exclusivamente pelos casos de corrupção. Acho incrível como Willian Bonner e a Fátima Bernardes acreditam que esse é o papel do jornalista. Não seria muito mais proveitoso utilizar o tempo para perguntar qual a proposta de reforma política dos candidatos? Chega a ser infantil ficar atacando as conseqüências e praticamente ignorar as causas. O pior é ter que aturar aquele ar "somos jornalistas sérios e não daremos moleza pra nenhum candidato" do casal. Foram duas entrevistas paupérrimas, pois todos já sabíamos as respostas dos candidatos de cor e salteado. Eu queria é saber como os candidatos irão mobilizar suas bases para aprovação de uma reforma política e qual será a proposta de ambos, por exemplo. Mas o casal global queria ver o circo pegando fogo e não discutir as mudanças necessárias para o país.

Não quero dizer que as sujeiras devam ser jogadas para debaixo do tapete, pelo contrário, mas não podemos transformar em novela todo caso de roubalheira que aparecer. Dessa forma, corremos o risco de fugir da raíz do problema e nos distanciarmos da idéia essencial que é a necessidade de uma reforma da atual estrutura política que dá margem a tanta ladroagem do dinheiro público. Ficar simplesmente apontando o dedo na cara dos políticos, de partidos e instituições não contribuirá em nada para o fortalecimento da democracia, pelo contrário, só aumentará ainda mais o descrédito da população com a política . Pessoas desonestas existem em cada esquina, em cada partido, na minha rua, na sua rua. Não tem como banir todos os corruptos da política, mas tem como dificultar a ação nefasta desses políticos e a imprensa deveria cobrar isso. A democracia não é um modelo pronto, acabado e estagnado. É um processo contínuo que deve passar por constantes aperfeiçoamentos. Enquanto não nos aprofundarmos nas questões problemáticas da democracia, corremos o risco de atrasar esse processo.

A imprensa, além de sua cobertura tendenciosa e partidária, não vai além de uma análise superficial sobre os casos de corrupção. Os escândalos tornam-se novelas com personagens, mocinhos, bandidos, um bom enredo, cenas do próximo capítulo e etc. Não se questiona o porquê de termos um sistema político tão frágil que permite tanta roubalheira a tanto tempo. Ao invés disso fica-se apenas especulando a índole de cada político, o que é péssimo. Mesmo porque, ser honesto não significa necessariamente ser um bom político.

Preocupante é perceber que essa mediocrização da cobertura política é quase uma cartilha a ser seguida na imprensa corporativa. Basta ver o caso de demissão do Franklin Martins da Rede Globo. Um jornalista diferenciado que fugia da fofoca política e buscava aprofundar os assuntos. Acabou no olho da rua.

João

3 Comments:

At 11/8/06 19:34, Anonymous Anônimo said...

Parabéns Joao!esse texto está ótimo e o blog também é muito bom. Tenho entrado todos os dias e recomendado a amigos.
Paula Thomaz, rio de janeiro

 
At 12/8/06 10:34, Anonymous Anônimo said...

Foi ótimo o fato do casal global ter pautado sua entrevista ao Presidente Lula apenas com assuntos requentados e sobre corrupção. O Presidente se saiu muito bem. Além disso, pela penetração que o JN tem no país, o assunto ficou esvaziado de uma vez!
Foi ótimo o casal ter se dirigido ao Presidente como "candidato", pois a população percebe esses detalhes, como percebe também a "pauta armadilha", e assim, o JN vai despencando em sua credibilidade, a exemplo de outros telejornais, jornalões e revistas.

 
At 14/8/06 12:16, Anonymous Anônimo said...

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