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quinta-feira, abril 06, 2006

Golpe branco

Para entender a profundidade da crise política instaurada no país, faz-se necessário, antes de mais nada, compreender com clareza todo o processo histórico desde o Brasil colônia.
Por mais de 500 anos, as elites oligárquicas detiveram o poderio político e ecônomico. Durante todos esses séculos, poucas vezes esse poderio foi ameaçado. Porém, todas as vezes em que essa ameaça se aproximou, essas elites não titubearam, e lançaram mão do artifício mais sujo da política: o golpe. Essa tática recorrente no cenário político brasileiro, necessita de um palco propício para que as ações golpistas sejam suportadas por justificativas plausíveis. O golpe de 1964, por exemplo, que muitos ainda têm a cara de pau de chamar de Revolução, só foi possível ao se construir um cenário político artificial e imaginário. As justificativas fabricadas para preparar a população para o golpe militar sobre o governo Goulart eram a corrupção e o perigo comunista. Qualquer semelhança com os dias de hoje, não é mera coincidência. João Goulart, apesar de sua simpatia pelas idéias de esquerda, jamais esteve vinculado à partidos ou movimentos comunistas. O Brasil, nem de longe estava perto de uma ditadura comunista como afirmavam os militares. Jango cumpria seu mandato de forma extremamente democrática. Mas quando em um comício ele disse duas palavras mágicas: "Reforma Agrária", no dia seguinte estava deposto e os militares assumiram o poder com apoio da grande imprensa. Motivo? Ameaça vermelha e corrupção.

Não pensem que a conjectura da crise atual é muito diferente. Não pensem que a turminha de sempre irá largar o osso dócilmente. Não esqueçam do terrorismo eleitoral em 2002, época em que disseminaram o medo em relação a figura de Lula. Não esqueçam que a oposição é composta por representantes dos mesmos setores que patrocinaram o golpe militar em 64. Não esqueçam, que o PFL é o partido oriundo da Arena, o mesmo partido que deu sustentação à ditadura militar. Para entender o que se passa hojé é fundamental ter esses dados em mente. O povo está representado no poder sim, e engana-se quem fala que Lula apenas favorece os banqueiros e setores da elite. Lula é um mestre na política e sabe que a democracia é um jogo de xadrez, em que cada peça deve ser movida no momento certo. A oposição sabe disso e teme um segundo mandato mais à esquerda. Há motivos para estarem amendrontados, pois está claro que o projeto político para o segundo mandato será o apronfundamento da distribuição de renda e dos programas sociais, a reforma agrária, a reforma política e a execução de todas as ações que o jogo de xadrez impediu em um primeiro momento.

O palco propício para tirar Lula da presidência já está montado. Com o bom desempenho de Lula nas pesquisas, a oposição voltou a falar em impeachment. A mídia insiste em falar sobre a indignação da "opinião pública", sendo que ela se julga a própria e assim demoniza o maior partido de esquerda da América Latina em nome de um desejo popular fictício. Mesmo assim, eu duvido que as velhas raposas irão insistir nessa história absurda de impeachment com um presidente que tem quase 50% de aprovação. Seria repetir o mesmo erro das elites venezuelanas que teve como resposta o povo e os movimentos sociais nas ruas. Em todo caso, o cenário está preparado para que Lula seja derrubado nas próximas eleições a qualquer custo.

Não estou negando os problemas e os casos de corrupção do atual governo, porque é evidente que eles existem, mas passam muito longe dos inúmeros casos estrategicamente abafados durante a era FHC. E não tenho dúvidas de que se fosse a Madre Teresa de Calcutá que ameaçasse os interesses dos conservadores, a mesma estaria sendo achincalhada e acusada de corrupta pela oposição e pela mídia. O denuncismo barato e sórdido agora pauta todas as ações políticas dos oposicionistas, que até agora não tiveram vergonha na cara para votar o Orçamento de 2006, colocando a população brasileira em segundo plano. Tudo isso para enfraquecer o presidente até o fim do ano quando acontecem as eleições. O tal "maior esquema de corrupção da história do país", foi uma ótima maneira de enfraquecer o governo do operário insolente que ousou assumir o posto do maior cargo político do Brasil. Diante desse quadro, o povo terá papel fundamental para a manutenção das conquistas do atual governo. Seja nas urnas, seja nas ruas.

João



"Quem imagina obter o impeachment do presidente, assim sem mais nem menos, que se prepare para confrontar-se a uma reação poderosa dos trabalhadores. Lula pode ter todos os defeitos que lhe atribuem, e alguns mais. Se os tiver, não estará sendo muito diferente de muitos de seus antecessores. A diferença é que ele não é do grupo dos que sempre mandaram no Brasil.E não contem com os quartéis." (Mauro Santayana)

1 Comments:

At 18/4/06 12:40, Anonymous Anônimo said...

ae joão, concordo contigo em número e grau, mas não em gênero. nossa história é nefasta, escrota... uma ínfima elite nacional se chafurdando na lama, humilhando diariamente uma população miserável. passamos de escravos à imigrantes "assalariados" e agora à trabalhadores com carteira assinada. é tudo uma grande farsa. o nosso país é uma grande farsa. a democracia nacional é uma grande farsa. e a esquerda nacional também se tornou uma grande farsa.

eu odeio a direita. tenho nojo dos conservadores e reacionários de plantão. a mídia aliena e adestra as mentes. o país está um verdadeiro puteiro. mas achar que a salvação virá do sr. lula e de seu partido, que cada dia mais constatamos que é muito semelhantes a partidos como o PSDB, é ilusão sua. partidos políticos não são a salvação do país. nossa história foi feita de cima para baixo. a elite ditando as regras. sempre. para haveram mudanças de fato no pais... precisamos mudar as mentalidades... precisamos mudar as realidades. foda-se os partidos políticos. eles fazem tudo de cima para baixo tbem. viva a revolta popular vindas das massas! sem líderes, sem lideranças, sem partidos, sem regras, sem leis.

temos "fins" parecidos: um país mais justo, mais igual. mas os nossos "meios" são muito diferentes: vc crê nas lideranças, na figura do líder, do partido, eu creio na emancipação popular, como uma onda, derrubando tudo e todos.

UM NOVO MUNDO É POSSÍVEL!

abraço

 

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