Veja com raiva: a bomba deu chabu
Promessas que não se cumprem
''Os dons fenomenais de Fábio Luís, o Lulinha, só apareceram depois que o pai chegou ao Planalto'', insinua Veja. Nas páginas internas, promete ''revelar'' que Fábio Luís atuou como lobista junto ao governo do pai. As revelações porém são precárias. Uma é a associação da Gamecorp, empresa do filho de Lulka, com a Telemar, já ''revelada'' em dezenas de edições anteriores. Afora ela, a leitura da matéria de Alexandre Oltramari ostenta duas ''ações de lobby'':
1) Encontros com Daniel Goldberg, titular da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE). Em um desses encontros, ocorrido no início de 2005, Lulinha e Kalil, já então sócios da Telemar, sobre uma hipotética compra da Brasil Telecom pela Telemar, fusão que a lei proíbe, como teria esclarecido Goldberg;
2) Uma exibição do documentário Pelé Eterno para Lula no Palácio do Alvorada, em 2004, a pedido da produtoira do filme, Arlette Siaretta.
''As circunstâncias sugerem''...
Realmente, se Fábio Luís é lobista, não é nenhum Ronaldinho, a julgar por Veja, já que não produziu um só centavo para os interesses que supostamente representou. Toda a matéria é um exercício para driblar essa inconsistência básica, com frases do tipo ''as circunstâncias sugerem que o objetivo mais óbvio [da associação Telemar-Gamecorp] seria comprar o acesso que o filho do presidente tem a altas figuras da República''.
A outra ''revelação'' de Veja é ''que o filho do presidente associou-se ao lobista Alexandre Paes dos Santos, um personagem explosivo, que responde a três inquéritos da Polícia Federal, por suspeitas de corrupção, contrabando e tráfico de influência''. A ''associação'' é outro chabu. Resume-se ao empréstimo de uma sala do escritório de Paes dos Santos para Fábio Luís e seu sócio na Gamecorp, Kalil Bittar, outra vez sem ninguém levar vantagem sobre ninguém.
Não menos desapontadora é a -- segundo a revista -- ''vasta ficha criminal'' de Paes dos Santos. Limita-se aos três inquéritos citados acima, que ainda nem foram a julgamento, e versam sobre ''estripulias nas sombras de Brasília'' cometidas no governo Fernando Henrique Cardoso. A ''ficha criminal'' da própria Veja por certo é muitas vezes mais ''vasta''.
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