Dois projetos em disputa
Antes mesmo do primeiro turno, vários analistas políticos diziam que a eleição estava mostrando um país dividido. Para alguns, a divisão seria entre pobres e ricos. Para outros, seria entre Norte-Nordeste e Sul-Sudeste.
Alguns analistas mais reacionários chegaram ao desplante de dizer que a divisão era entre "primitivos e não educados" (supostamente, os eleitores de Lula) e "modernos e educados" (supostamente, os eleitores de Alckmin).
Estas análises, quando não estão totalmente equivocadas, perdem de vista o essencial. Não foi a eleição que dividiu o país. A eleição apenas mostrou que existe uma divisão em nosso país.
Mas esta divisão não é apenas entre "pobres e ricos".
Embora a votação de Lula cresça, quando menor a renda do eleitor, há muitos pobres que votam em Alckmin. Embora a votação de Alckmin cresça, quando maior a renda do eleitor, grande parte dos setores médios vota em Lula.
Tampouco esta divisão é apenas regional.
Embora Lula seja o preferido da maioria dos eleitores do Norte e do Nordeste, Alckmin também foi votado nessas regiões. Embora Alckmin tenha uma grande votação no Sul e no Sudeste, Lula recebeu um caminhão de votos nessas regiões.
A divisão existente em nosso país, e que explica inclusive as diferentes preferências sociais e regionais, é fundamentalmente política.
As pessoas estão divididas em torno dos rumos do Brasil.
Esta divisão não começou agora. Ela esteve presente nas lutas pela independência, contra a escravidão, pela República, pela industrialização, pelas reformas de base, contra as ditaduras.
Esta divisão atravessou todas as eleições presidenciais, desde 1989.
De um lado, as forças que defendem a democracia, os interesses populares e a soberania nacional. De outro lado, os que preferem uma democracia para pouco, os interesses das elites e a dependência frente aos Estados Unidos.
De um lado, a esquerda e os progressistas. De outro lado, a direita e os reacionários.
A novidade, em 2002, foi a vitória das forças democráticas e populares, com Lula presidente. A novidade, em 2006, é que governamos o país e podemos vencer novamente.
Mais que uma divisão, portanto, trata-se de uma encruzilhada. Virar à direita com Alckmin significaria retornar ao passado. Seguir em frente com Lula é avançar em direção ao futuro.
1 Comments:
sugiro publicar o endereço abaixo, que contém um video de uma "entrevista"! do alckmin a uma tv australiana; ela revela bem a "personalidade" desse facista.
http://www.youtube.com/watch?v=vsRynm18_Eg
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