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terça-feira, setembro 12, 2006

O impeachment já tem um líder

por Paulo Henrique Amorim

É o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A carta-testamento de Fernando Henrique Cardoso ao PSDB (9/IX/06, no site do PSDB) deu a impressão de conter um enigma. O que ele queria com aquilo?


O jornalista Josias de Souza, na Radio Cultura FM, de São Paulo, na noite de sexta-feira (8 de setembro), disse que FHC revelou uma grande coragem, ao fazer o que nenhum correligionário ou aliado dele faz: defender o Governo FHC.

Nem José Serra, em 2002, quando concorreu à eleição presidencial como candidato de FHC, defendeu FHC. Não era para menos. Uma pesquisa da Sensus, divulgada no dia 24 de outubro de 2002, revelou que 54% das pessoas eram contra qualquer candidato apoiado ou indicado por FHC.

Porém, seria inexplicável FHC defender FHC numa carta-testamento em que praticamente admite a derrota do candidato Alckmin e lamenta o erro da “tapar o sol com a peneira” na ligação do presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo, com o assim chamado “mensalão”.
Tanto mais que FHC se esqueceu de mencionar o senador Antero Paes e Barros, candidato do PSDB ao Governo de Mato Grosso, que também deve explicações à CPI dos Sanguessugas.
Era abrir muitas frentes de polêmica, só para defender suas realizações.
Possivelmente FHC também não estivesse tão preocupado assim com a “podridão” que denunciou.

FHC defende “o sucesso” que foi a privatização da Telebrás, ainda hoje encoberta sob nuvens espessas. Ou até quando permanecer desconhecido o conteúdo do disco-rigido que a Policia Federal apreendeu na sede do Banco Opportunity e que jaz inerte na gaveta da Presidente do Supremo Tribunal Federal.

A privatização. As relações entre a Previ e seu (de FHC) chefe de campanha, Ricardo Sergio de Oliveira. A Pasta Rosa. O Sivam. O prédio do TRT em São Paulo. Marka FonteCindam. As contribuições de campanha do Banco Bamerindus.

O mapa das denúncias que foram abafadas no Congresso ou engavetadas pelo Procurador Geral pode ser encontrado no livro (incompleto) sobre “O Mapa da Corrupção no Governo FHC”, de Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura, da Editora Fundação Perseu Abramo, de 2002.

No jornal Folha de S. Paulo (que, como se sabe, não é editado pela Fundação Perseu Abramo) de sábado, dia 9 de setembro de 2006, na pagina 2, Fernando Rodrigues, no artigo “O crepúsculo de alguns políticos”, diz: “O PSDB elegeu 63 deputados em 1994. E, em 1997, já estava com cem cadeiras na Câmara”

Rodrigues fala do “loteamento” do ministério de FHC, de como o PMDB ganhou os ministérios da Justiça e dos Transportes e, “em troca, foi enterrada a CPI da compra de votos”.
Não é sobre “podridão”, portanto, a carta-testamento.
É mais provável que seja sobre o impeachment do Presidente Lula, no segundo mandato.
O líder da minoria na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (PFL-Bahia) dá uma entrevista ao Jornal do Brasil neste domingo (dia 10 de setembro) em que analisa com minúcias o plano de impeachment no primeiro mandato de Lula – que não deu certo – e como pode vir a dar certo (clique aqui para ler).

“(O impeachment) virá como conseqüência de uma encruzilhada moral, política e econômica em que o Brasil vai terminar por entrar partir do segundo mandato de Lula.”

O líder do impeachment seguramente não será o deputado Aleluia. O líder do impeachment será FHC. É esse o significado da carta-testamento. FHC já evocou o maior do todos os golpistas, Carlos Lacerda. Já falou em “curto-circuito” institucional. Disse que Lula não tem autoridade moral para governar. E que Alckmin deveria “botar fogo no palheiro”.

No primeiro mandato de Lula, FHC jogou com duas cartas.

A do “sangramento” era-lhe a mais conveniente. Deixar Lula sangrar até o fim do mandato e cair numa poça de sangue e lama. E ele, FHC, em eleição triunfal, seria conduzido de Higienópolis, no braço do povo, ao Palácio do Planalto.

O PFL defendeu essa tese do sangramento abertamente, pela voz do Senador Agripino Maia (PFL-RN).

A outra carta de FHC era o golpe do impeachment. Que ele já defendeu lá atrás, na crise do “mensalão”, embora sem tanta ênfase. Agora, não. O impeachment é a única carta que lhe sobra. Hoje, o PSDB tem dois donos. Serra e Aécio. Que querem ver FHC pelas costas.
Eu sempre achei que FHC era o nosso Menem.
Mas, eu errei. Fora da Presidência, Menem se elegeu Senador ...


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