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sexta-feira, agosto 18, 2006

Alckmin, no Estadão, não responde e não fala nada

Blog do José Dirceu

Ao participar de sabatina no jornal O Estado de S.Paulo, o candidato Alckmin, pelo jeito, não teve que responder nada sobre Nossa Caixa, Daslu, Dona Lu e sua filha e CPIs barradas na Assembléia Legislativa de São Paulo – nem com uma decisão do STF os tucanos deixam a Assembléia investigar as denúncias de corrupção contra o ex-governador.

Escapou de ter que explicar a avaliação sobre o sistema de educação. Ninguém perguntou nada – deve ser porque, como disse Serra, é um problema de migração: muitos nordestinos se mudaram para São Paulo, foi a quantidade que derrubou a qualidade. Puro materialismo dialético. Esses tucanos são uns filósofos.

Quando Alckmin respondeu, ninguém contestou. Por exemplo:

Empregos: Não dará números, como fez Lula, que prometeu 10 milhões de empregos. Com isso, escondeu que o Brasil criou em quatro anos de Lula, cinco milhões de empregos formais, contra 800 mil nos oito anos de FHC.

Nomes para o ministério: Não anunciará, isso não se faz. Quanto a Lula, disse que não terá governabilidade ou governará com Jader, Newton Cardoso e Ney Suassuna ("esquecendo" que Jader e Suassuna foram da base de FHC e que ele, Alckmin, governou São Paulo com o PTB e PFL).

Além disso, a resposta revela falsidade, já que Lula ou Alckmin terão que fazer maioria com o mesmo Congresso, a mesma Câmara, o mesmo Senado e os mesmos parlamentares. Logo, o problema é fazer a reforma política, e não ficar fazendo frases de efeito. Até porque, se vencer, Alckmin indicará quem para o ministério? ACM, Bornahusen, Moreira Franco ou Eliseu Padilha? Grande coisa.

Reformas: Alckmin esconde do eleitorado que seu partido, o PSDB, obstruiu, a votação da unificação do ICMS e não deixa votar a Lei das Agencias Reguladoras, outra lei que ele "promete votar". Fala em aumentar investimentos para 2% do PIB e cortar gastos públicos, mas não diz como.

Os 2% do PIB são R$ 40 bilhões. Logo, trata-se de uma mentira de perna curta - ou ele irá reduzir o superávit primário para 2,25% e os juros para 11%? - ou então é demagogia.
Política externa: Como não tem o que criticar, disse que fomos derrotados na presidência da OMC e do BID.


Afirmou ainda que acionará a Bolivia nos foros internacionais, ou seja, não vai negociar e sim criar um conflito diplomático e um contencioso jurídico, numa demonstração de ignorância sobre a questão Brasil-Bolívia, além de romper com toda tradição da política externa desde o Barão do Rio Branco - de negociar até a exaustão e depois negociar de novo. No caso específico, é preciso levar em conta que a Bolívia não tem outro mercado consumidor e não pode simplesmente romper com o Brasil. É um óbvio ululante.

Segurança pública: Deitou falação e, inacreditável, elogiou Saulo Abreu... Citou números da queda da criminalidade em São Paulo e disse que tudo acontece porque o governo estadual combate o crime e triplicou o número de presos - de 50 mil para quase 150 mil.
Ou seja, ele afirma que o problema não existe, quando exatamente o problema foi e é a sua política prisional errada e a falta de política de combate ao crime organizado, já que os tucanos negavam a existência de uma grande e poderosa organização criminosa nos presídios paulistas, o PCC.


Para finalizar, Alckmin deu aulas de ética - claro, desde que não o investiguem em São Paulo -, pregou o fim do voto obrigatório e, pasmem, voltou a defender o parlamentarismo, rejeitado duas vezes pelo povo, em 1963 e em 1993. Nada mais elitista do que um tucano.