A prisão do advogado e o descrédito do Congresso
por Luiz Weis
Foi como perder um gol feito.
A Folha com o seu pesquisismo ("Serra perde votos, mas vence no primeiro turno") e o Estado com o seu economicismo ("Superávit é recorde e ajuda na recuperação dos mercados") deixaram de dar hoje a manchete que se impunha – e que o Globo, acertando em cheio, pegou na veia do sentimento da sociedade:
”Advogado diz que deputados são malandros. E é preso”.
Dentro, provando o acerto jornalístico, 12 cartas sobre o inicidente na CPI do Tráfico de Armas que terminou com a detenção, por desacato, do advogado Sérgio Wesley da Cunha, acusado de repassar ao PCC depoimento secreto de policiais à mesma comissão.
Todas as 12 cartas condenam os deputados.
Wesley foi preso por responder “A gente aprende rápido aqui” à provocação do espalhafatoso Arnaldo Faria de Sá, do PTB paulista: “O senhor aprendeu rápido com a malandragem.”
O tom geral das cartas no Globo é o do leitor Júlio Ferreira:
”Os membros da CPI falaram grosso, foram ofensivos e rígidos quanto ao cumprimento do regimento interno, não hesistando em dar voz de prisão ao advogado […]. Infelizmente, ocorre situação inversa quando os depoentes são pessoas ligadas ao meio político […].”
Ou, por outra, segundo o leitor do Estado Paulo Boccato:
“Quando, finalmente, alguém diz uma verdade numa CPI, acaba preso”.
Ou ainda, segundo o leitor Denilson Geraldo de Luca, na Folha:
”A população brasileira inteira gostaria de ter proferido a mesma frase […]. Sorte dos políticos não haver uma lei que os puna severamente por desacato à população.”
Coincidentemente, Estado e Folha publicam hoje editoriais desancando o Congresso.
O primeiro, por terceirizar a apuração das denúncias contra o grande número de deputados citados na Operação Sanguessuga, da Polícia Federal.
O segundo, por isso e por todos os demais descalabros recentes do Legislativo, incluíndo a prisão do advogado do PCC.
O descrédito da instituição parlamentar, compartilhado por 11 em cada 10 brasileiros, é a grande realização da atual legislatura. E quem garante que a próxima será melhor?
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs.asp?id_blog=3
2 Comments:
Sem entrar em discussão quanto ao envolvimento ou não do advogado com o tal Marcola, a resposta dele ao Arnaldo "Jaba" Faria foi antológica. Vai ficar na história. A resposta do sujeito foi como uma bofetada barulhenta, daquelas que fazem silenciar um Shopping Center numa tarde de sábado. Aquela deve ter silenciado o país, por uma fração de segundos, e logo em seguida deve ter ocorrido uma explosão de gargalhadas (pelo menos foi o que aconteceu comigo).
Essas últimas CPIs não passaram de palco de teatro de revista misturado com um arremedo de tribunal de inquisição. Esses "excelencias" da direita devem ter decorado o "Manual do Inquisidor" e devem se masturbar louvando gravuras com a cara do Torquemada.
O povo brasileiro deve ter em sua memória mais profunda lembranças da Inquisição, que estendia seus tentáculos até estas terras. Na Torre do Tombo, em Portugal, ainda estão guardados muitos documentos a respeito dos processos inquisitoriais onde estão apontados casos que envolvem cidadãos portugueses que vieram para cá e de brasileiros também.
Quanto à comparação ao teatro de revista é porque só pode ser levado na galhofa. A "opinião pública" empresarial é que tentou de todas as formas tratar aquele teatro como coisa séria. A irritação purulenta dela vem daí, do descrédito.
Por outro lado, quem é que vai dar crédito a Arnaldo "Jaba" Faria, Alberto "tráfico de armas, digo, campanha contra o desarmamento" Fraga, Moroni Torga e Laura Carneiro?
Sem entrar no mérito da questão, Laura Cardoso, Arnaldo Faria de Sá e Moroni Torgan mereceram a resposta !
Parabéns pelo blog !
Reeleger Lula !
Eleger uma bancada forte de apoio ao presidente !
Wagner
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