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quinta-feira, maio 18, 2006

Até tu, Estado?





Raras vezes se terá visto em um país democrático um chefe de governo investir de forma tão contundente contra um órgão de imprensa, como fez o presidente Lula, ao tomar conhecimento da reportagem da revista Veja em que ele aparece como titular de uma suposta conta no exterior. Mas é compreensível a inusitada reação do presidente, chamando o autor da matéria de "bandido, mau-caráter, malfeitor, mentiroso" e repetindo três vezes que a revista "chegou ao limite".

É incontestável que a publicação da reportagem colide com a responsabilidade ética que deve nortear as decisões de todo veículo de comunicação que pretenda ser levado a sério - sobretudo quando é grande a sua audiência.
Leia a reportagem completa

E a nossa classe-média continua a ser catequizada por este semanal corrupto, mentiroso, que nada mais é que o panfleto oficial da ala mais inescrupulosa da direita. Até o jornal O Estado de São Paulo, famoso pelo seu conservadorismo e por seu alinhamento à ideologia neo-liberal, se irritou com as sucessivas mentiras do panfleto.

Conversar com os jovens de "opinião formada" por Veja é um ato de sacrifício, quase uma tortura chinesa. Não há como contrariá-los sem ouvir como resposta a famosa frase: "Mas eu li na Veja". Como se isso desse credibilidade a uma determinada opinião. Nossa sociedade passa por um processo de"emburrecimento coletivo"contínuo e há de se temer pelo futuro do país comandado por estes jovens.

A Veja está ultrapassando todos os limites da ética jornalística no seu objetivo sórdido de impedir a provável reeleição de Lula e não há nada o que se possa fazer contra isso. A imprensa é livre para defender seus próprios interesses políticos e econômicos. Esse é um dos muitos custos que a democracia impõe à sociedade. O que nos resta é denunciar as farsas semanais publicadas pela família Civita, que como se sabe, tem enorme interesse na volta dos tucanos e dos entreguistas ao poder.

Não Veja, pense.

João